Transgênicos – A Polêmica

TRANSGÊNICOS – A Polêmica




TRANSGÊNICOS


Para uma abordagem mais atual sobre o tema, o projeto de lei, aprovado pela Câmara dos Deputados, em 28 de abril de 2015, segundo o qual os produtos que contenham matéria-prima geneticamente modificada ficariam dispensados de afixar o símbolo de transgenia em seus rótulos, ficando obrigatório apenas para aqueles alimentos que tenham mais de 1% de transgênicos em sua composição final. A matéria, agora, está em análise na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS).

No campo da saúde, neste momento, entidades privadas e governamentais, renomadas e respeitáveis, defendem com bons argumentos a noção de que os transgênicos não são prejudiciais à saúde. Por outro lado, defendendo o ponto de vista contrário, também existem entidades com as mesmas boas qualificações.

Uma das grandes preocupações para a saúde, por exemplo, seria o potencial de perigo no uso excessivo de agrotóxicos, pois, segundo nota do Greenpeace, uma ONG de renome na defesa do ambiente, os transgênicos são organismos resistentes a agrotóxicos, o que levaria a um aumento, a cada ano, das doses de pesticidas utilizados nas plantações.  Ainda, segundo o Greenpeace, o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos, após dez anos do início da produção de transgênicos. Isso também foi confirmado pela Associação Brasileira de Agroecologia. De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), de 2000 a 2012, o aumento em toneladas de agrotóxicos comprados foi de 162%. 

E quais seriam as consequências desse excesso na nossa alimentação? Segundo a doutora em ciências médicas, Alessandra Pizzato, existem revisões bibliográficas que relacionam os herbicidas e pesticidas utilizados na lavoura transgênica com o aumento de casos de câncer, com alterações nos índices de fertilidade masculina e feminina, além de alergias e outros problemas de saúde, uma vez que estas substâncias não seriam passíveis de eliminação quando se lava as plantas transgênicas, pois o veneno penetra de forma sistêmica, e vai para o estômago do consumidor. E a retirada do símbolo identificando o alimento transgênico também tiraria o direito inalienável do consumidor, de escolher o que deseja consumir.

Do ponto de vista comercial, levantamos alguns pontos relevantes para uma reflexão mais aprofundada:
 

– Não está provado que a produção de transgênicos é mais barata e que aumente a produtividade.

– Combater a fome com a produção de transgênicos também não é argumento. Segundo pesquisa do ganhador do prêmio Nobel de Economia em 1998, Amartya Sen, o problema da fome no mundo hoje não está ligado à escassez de alimentos ou à baixa produção, mas à má distribuição dos alimentos, não chegando às populações mais pobres.

– A dominação da indústria de sementes por apenas seis grandes corporações, através da introdução do gen Terminator nas espécies transgênicas, que, ao esterilizar as sementes, impede a sua reprodução por parte dos agricultores, sigifica o ápice da dependência tecnológica desejada pelas multinacionais. Estas dominam a produção de sementes e agrotóxicos, o que nos obriga a comprar a semente para a safra seguinte. Desta maneira, quebrando uma tradição de 10.000 anos – na qual, pelo processo natural, as sementes perpetuam sua diversidade genética, e conservam a capacidade de se reproduzirem,

Que defesa teria o Brasil contra o Terminator?

Vejamos:

O Brasil é o único entre os grandes produtores que proibiu o plantio, até o momento, dos transgênicos.

A Comunidade Européia, com seus 450 milhões de habitantes, o Japão, com mais de 100 milhões de habitantes e a China, que será a maior potência mundial nos próximos anos, com uma população de um bilhão e meio de habitantes, AINDA CONSEGUEM IMPORTAR SOJA NÃO TRANSGÊNICA! Estes países necessitam da nossa soja tradicional, por demanda de seus povos e o Brasil, que tinha 24% do mercado mundial, já está com 36% do mercado e a tendência é subir em quantidade e preço.

Atualmente, exportamos para a Europa e Japão a maior parte da nossa produção de soja não modificada.

Com todo o respeito que tenho pelos países desenvolvidos, as Empresas Multinacionais, como o próprio nome está dizendo, não podem ter bandeira, embora possam ter conflitos com seus países de origem.

Sob o ponto de vista mercadológico é absolutamente irracional discutirmos o assunto! Nenhuma análise sob qualquer argumento, pode nos fazer abrir mão de um mercado cativo, ávido e certo, sob pena dos produtores brasileiros perderem o mercado internacional.

É importante lembrar, também, que esta é uma via de mão única – se não fizermos a opção certa, os transgênicos a farão irreversivelmente, pois a contaminação da soja tradicional pela transgênica é certa, e acabaremos irremediavelmente dependentes de tecnologias dispendiosas.

É amplamente divulgado que o mercado alemão é extremamente exigente quanto à procedência da soja que consome. Como ilustração, reproduzimos aqui notícia veiculada pela mídia em 18/03/2010: ” Alemães buscam soja não transgênica – Importar soja não transgênica em troca de máquinas e implementos agrícolas e tecnologia para a produção de biogás, a partir de dejetos da suinocultura é a proposta do Estado alemão da Baixa Saxônia. Segundo o subsecretário de Agricultura daquele Estado, Friedrich-Otto Ripke, a Alemanha adquire 38 milhões de toneladas do grão por ano para produção de ração animal de países fornecedores como Argentina, Brasil e Estados Unidos.

Portanto, não podemos analisar a questão tão somente pelo ponto de vista da saúde, mas, também, pelo viés econômico, pois como tradicionais produtores de soja não modificada, estamos entre os primeiros no mundo a manter compradores ainda cativos, podendo, assim, negociar contratos específicos para a produção de soja com as cooperativas locais, conforme já afirmou Vergilio Frederico Perius, presidente da Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul.

Fonte: Jornal Zero Hora 26 de maio de 2015.